Existe um crescente interesse no uso de canabinoides para a dor crônica. Realizamos uma revisão sistemática e meta-análise de ensaios clínicos randomizados para avaliar a eficácia analgésica e os efeitos adversos dos canabinoides para a dor crônica não relacionada ao câncer. Foram pesquisados os bancos de dados PubMed, EMBASE, Web of Science, Cochrane CENTRAL e clinicaltrials.gov até dezembro de 2018. Informações sobre o tipo, dosagem, via de administração, condições de dor, pontuações de dor e eventos adversos foram extraídas para análise qualitativa. Foi realizada uma meta-análise da eficácia analgésica. A meta-regressão foi realizada para comparar a eficácia analgésica para diferentes condições de dor (neuropática versus não neuropática). O risco de viés foi avaliado utilizando a ferramenta Cochrane Risk of Bias, e a força das evidências foi avaliada utilizando a abordagem Grade of Recommendations Assessment, Development, and Evaluation (GRADE). Foram incluídos 43 ensaios clínicos randomizados. A meta-análise foi realizada para 33 estudos que compararam canabinoides com placebo, e mostrou uma redução média da pontuação de dor (escala 0-10) de -0,70 (p < 0,001, efeito aleatório). A meta-regressão mostrou que a eficácia analgésica foi semelhante para dor neuropática e não neuropática (Diferença = -0,14, p = 0,262). A administração inalada, oral e oromucosal todas proporcionaram uma redução estatisticamente significativa, porém pequena, na pontuação média de dor (-0,97, -0,85, -0,45, todos p < 0,001). A incidência de eventos adversos graves foi rara, e os eventos adversos não graves geralmente foram leves a moderados. A heterogeneidade foi moderada. O nível de evidência GRADE foi baixo a moderado. A intensidade da dor em pacientes com dor crônica não relacionada ao câncer foi reduzida pelo consumo de canabinoides, mas os tamanhos do efeito foram pequenos. A eficácia para dor neuropática e não neuropática foi similar.