História da Cannabis Medicinal

Antes de mais nada precisamos reconhecer que o uso da planta Cannabis para fins terapêuticos e medicinais existe a milhares de anos, afinal estamos falando de uma planta.

Primeiros registros da Cannabis na história

A primeira referência à Cannabis ocorreu na China em 4000 a.C. O imperador Shen Nung teria descoberto a planta e a usava para gota e reumatismo.

Além da China, vários outros civilizações se beneficiaram da planta, em que foram encontrados relatos da Cannabis em papiros do Antigo Egito. Na Índia, uma bebida à base de Cannabis e leite, chamada Bhang, era muito utilizada como anestésica.

No século XIX, o médico irlândes Willian O’Shaughnessy realizou os primeiros estudos em humanos com epilepsia refratária e tratamento de dores. Diante disso, a planta passou a integrar a Farmacopeia Americana.

O médico que deu início as pesquisas com a Cannabis em 1851

Após a Revolução Mexicana, imigrantes latinos levaram a cultura da Cannabis aos Estados Unidos, bem como foi introduzida no Brasil pelos africanos, durante o período colonial. Utilizada para situações de lazer, cerimonias religiosos e para o uso medicinal, a planta foi diretamente associada à criminalidade, desempregos e preconceitos raciais. Houve uma reação social, e em 1937, a planta foi proibida em todo território americano, retirando os produtos à base de Cannabis das farmácias, e dessa forma diversos países proibiram seu cultivo e seu uso para qualquer fim.

Entretanto, as pesquisas não pararam por aí, em 1964 o cientista Dr. Raphael Mechoulam conseguiu isolar e sintetizar o THC. Em 1973, ocorreu o primeiro estudo brasileiro, realizado na Unifesp, em que avaliou o efeito anticonvulsivante do Canabidiol e em 1981 foi aprovado o primeiro medicamento canabinoide sintético, análogo ao THC, a nabilona, utilizada para náuseas e vômitos.

Primeiro medicamento canabinoide – Nabilona (Cesamet®)

Contudo, com a ajuda dos avanços tecnológicos e muito estudo, em 1990 foi descoberto o sistema endocanabinoide. Este sistema está presente em humanos e em todos os animas vertebrados e possui um papel importantíssimo em reações bioquímicas do corpo. Após esta descoberta, o número de pesquisas e estudos científicos cresceram exponencialmente.

Também com a ajuda da pressão social de pacientes, em 1996 a Califórnia se tornou o primeiro estado americano a legalizar a Cannabis medicinal. Foi autorizado o tratamento de pessoas com câncer, HIV, anorexia, dores, glaucomas, artrites, enxaquecas e outras doenças.

No Brasil, a Cannabis ganhou destaque em 2014 através do documentário “Ilegal”, que retrata a vida de crianças com epilepsia grave no país. Diante disso, em 2015, a ANVISA autorizou a importação de medicamentos à base de Cannabis. Atualmente, 39 estados americanos regulamentam a Cannabis para fins medicinais e destes, 20 liberaram o uso recreativo. No Canadá, o uso medicinal é legal desde 2001 e o uso recreativo desde 2018. Além desses países, a Cannabis é legalizada em grande parte da Europa e América Latina.

Documentário brasileiro “Ilegal”

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