O que é Cannabis?

A Cannabis é uma planta de fácil cultivação originária da Ásia, registros mostram seu uso medicinal há mais de 4 mil anos. No Brasil, é conhecida pelo nome popular “maconha” e vem se destacando por possuir diversas propriedades medicinais, nutricionais e industriais. A Cannabis já é utilizada para fabricação de medicamentos, alimentos, cosméticos, bebidas e para vários outros usos, em diversos países como Canadá e Estados Unidos. A regulamentação brasileira permite o uso medicinal através da importação por pessoa física desde 2015 e vendas em farmácias e drogarias desde 2020.

Saiba mais sobre a história desta planta, acesse o artigo que preparamos sobre o assunto: A História da Cannabis Medicinal

Cannabis Medicinal

A definição de Cannabis Medicinal é quando a planta é utilizada para fins terapêuticos e tratamentos de doenças onde é comprovada sua segurança e eficácia. A forma de consumo mais popular é a oral, encontrada em produtos à base de óleos.

O que são canabinoides?

Os canabinoides são compostos da planta Cannabis sativa identificados por produzirem minúsculas estruturas glandulares encontrada na superfície da flor, chamados de tricomas. Mais de 120 tipos de canabinoides já foram descobertos, porém o Canabidiol (CBD) e o Tetrahidrocanabinol (THC) são os que estão mais presentes na planta, além de possuírem maior evidência científica comprovando sua segurança e eficácia para o consumo.

O que é Canabidiol?

O Canabidiol (CBD) é um dos fitocanabinoides da planta e possui várias propriedades terapêuticas ao nosso organismo. Destaca-se as propriedades anti-inflamatórias, ansiolíticas, antidepressivas, antioxidantes e antiepilépticas, além de ser um poderoso estimulante ósseo e neuroprotetor. Também age modulando a atuação do THC, diminuindo os efeitos indesejáveis como a ansiedade.

Do mesmo lado que ele não tem ação intoxicante e dessa forma não provoca nenhuma alteração da percepção da realidade, ou seja, não deixa “chapado”. Seu uso é indicado para tratamentos de epilepsia, ansiedade, autismo, Parkinson, depressão, esquizofrenia, insônia, Alzheimer, doenças autoimunes, entre várias outras.

O que é Tetrahidrocanabinol?

O Tetrahidrocanabinol (THC) é outro fitocanabinoide e, apesar de ser muito associado ao uso recreativo, devido sua ação psicoativa, possui uma ampla variedade de benefícios para a medicina. Atua como um potente analgésico, estimulante de apetite, sedativo, antiemético, anti-inflamatório e relaxante muscular. 

O principal uso do THC é em casos de dores crônicas, como a fibromialgia e a artrite reumatoide, devido sua capacidade de modular os receptores nervosos relacionados à dor, tendo resultados terapêuticos inclusive em pacientes refratários os opiodes, como a morfina e a oxicodona.

Também é muito utilizado para auxiliar o tratamento do câncer, em que alivia as dores, inibe as náuseas decorrentes da quimioterapia, melhora o sono, o humor e o apetite. Por ser relaxante muscular, outra indicação é para pacientes com esclerose múltipla, diminuindo a espasticidade dos músculos, além de controlar a dor.

Por outro lado, é importante que seu uso seja acompanhado por um médico, pois em doses inadequadas, possui efeitos colaterais importantes, como taquicardia, perda da memória recente, ansiedade e alucinações, podendo ser contraindicado em algumas situações, como em pacientes psicóticos. Quando utilizado em combinação com o CBD, esses efeitos indesejados são diminuídos.

Quais são os tipos de Cannabis?

Quando falamos de Cannabis estamos nos referindo a planta da espécie Cannabis sativa. Com o avanço dos estudos, observou-se que existiam plantas dessa espécie com características diferentes, dependendo das condições climáticas e do solo. A Cannabis sativa foi então dividida em 3 subespécies: Cannabis sativa sativa, Cannabis sativa ruderalis e Cannabis sativa indica.

Sativa

A subespécie sativa é uma planta com troncos altos e folhas finas, encontrada principalmente em climas secos e quentes, como na América Central, Ásia e África. Possui várias misturas genéticas e é relacionada pelo alto índice de fitocanabinoides, como o CBD e o THC.

Indica

A indica é reconhecida por ser mais baixa do que a sativa, suas folhas também são mais largas, suas flores em forma de cones e com muitos ramos. Nativa do Sudeste Asiático, se adaptou ao clima das montanhas Hindu Kush e é reconhecida por possuir altos teores de CBD e menos THC.

Ruderalis

Subespécie menos abundante, com plantas baixas e folhagem larga. Se adapta a ambientes extremos, como nas regiões da Sibéria. Possui teor praticamente nulo de THC e quantidades maiores de CBD, mas pode não ser suficiente para produzir efeito medicinal.

Cânhamo

Cânhamo é a denominação de qualquer planta de Cannabis que possui até 0,3% de THC, quantidade praticamente nula. Por ser de fácil cultivo, é utilizado em grande escala para diversos tipos de produtos, como medicamentos, bebidas e alimentos, inclusive suas sementes, que possuem propriedades nutritivas similares à soja. O cânhamo possui caule alto e fibroso, com poucas ramificações e folhas somente na parte superior. A fibra do cânhamo se destaca por ser extremamente resistente e valiosa para a indústria têxtil, como também na produção de cordas, papéis, materiais de construção e até combustíveis.

Quais as formas de uso da Cannabis?

A cannabis é consumida através de diferentes formas. A administração via oral é a mais popular no uso medicinal e que abrange mais diversidades de produtos. A administração tópica ou transdérmica, através de adesivos por exemplo, também está ganhando espaço com o avanço de pesquisas e tecnologias. Também pode ser administrada via retal e vaginal. Conheça as características de cada via de administração e seus principais produtos.

Via oral e sublingual

Essas vias de administração da Cannabis evitam a exposição à fumaça e outros subprodutos perigosos da pirólise (decomposição pelo calor). O consumo por este meio é feito principalmente através de óleos e pode ser consumido de forma oral ou sublingual. A administração dos produtos pode variar de acordo com a necessidade e escolha de cada usuário, óleos de Cannabis podem ser consumidos de forma isolada ou adicionado em alimentos, cápsulas, chás, sprays e vaporizadores.

Via tópica

O uso da Cannabis por vias tópicas vem crescendo a cada ano, pesquisas iniciais comprovam que a camada protetora que envolve nossa pele respondem aos canabinoides. O uso de cremes contendo canabinoides cria uma resposta local, sendo utilizado para alívio de inflamação, dor, coceira e outros distúrbios relacionados com a pele, como a acne e a psoríase. Os principais produtos comercializados são os géis e cremes, com foco no controle de doenças dermatológicas, alívio local de dores musculares e articulares, amplamente utilizada na medicina esportiva e também para fins estéticos, devido as propriedades antioxidantes.

Via transdérmica

Ao utilizar preparações de uso tópico, a quantidade de substância ativa que chega na circulação sanguínea é mínima, ou seja, o benefício se limita à ação local na pele. Diante disso, pesquisas estão avaliando o uso da Cannabis por via transdérmica, através de adesivos. Apesar de serem aplicados na pele, possuem uma tecnologia farmacêutica que possibilita que os ativos atinjam concentrações no sangue, sendo distribuídos por todo o organismo. Dessa forma, podem ser utilizados para o tratamento de diversas condições. A maior vantagem do uso desta via é a eliminação do metabolismo hepático de primeira passagem, que ocorre pela via oral e é responsável por diminuir a biodisponibilidade dos ativos, além disso, diminui os efeitos colaterais gastrointestinais. Entretanto, esses produtos promissores ainda são escassos no mercado.

Via retal e vaginal

A Cannabis também pode ser administrada através de supositórios retais e óvulos vaginais. Não existe a  absorção do THC por este meio, para o CBD essas vias se apresentam promissoras para diversos usos terapêuticos, porém também ainda em fases de pesquisas. A principal vantagem são para pacientes com dificuldades em engolir ou com problemas digestivos.

Qual é o processo de fabricação do óleo de Cannabis?

Nas flores da Cannabis é onde se concentra a maioria das substâncias terapêuticas para uso humano, sendo a matéria prima para obtenção do extrato, que será o principal componente dos produtos. Dessa forma, para obter este extrato, o processo passa pelos seguintes estágios principais: colheita, poda, secagem, extração e formulação.

Colheita

A colheita da Cannabis é o processo inicial para a produção, é necessário que a planta tenha atingido seu período de floração, que leva em média de 50 a 65 dias. Para que a planta tenha desenvolvido o máximo de fitocanabinoides, outras características são necessárias, como por exemplo a coloração das folhas e outros sinais de amadurecimento. O processo pode ser feito de forma manual ou mecânica.

Podagem

A poda da Cannabis é feita por processo manual ou mecânico, sendo necessário para obter a flor como produto final. A poda de forma manual garante um processo com maior qualidade e aroma, porém o processo é mais lento que o mecânico.

Secagem e cura

A secagem é o processo de remoção da umidade das flores e a cura é necessária para atingir o sabor, aroma e vida útil do produto final. Para a correta secagem e cura, as flores devem ficar a uma temperatura de 15 a 21°C, com umidade entre 50 e 70%. Também outras condições de controle são necessárias para o correto processo, como o fluxo de ar e iluminação. O processo leva em média 2 a 4 semanas, porém alguns fabricantes reservam de 1 a 3 meses para realização deste processo, em buscar de melhorar a qualidade do produto final.

Extração

A extração da Cannabis é o processo que separa os componentes de interesse terapêuticos das demais substâncias presente nas flores. As substâncias de interesse neste processo são os fitocanabinoides, terpenos e flavonoides. Basicamente, o processo pode ser feito de duas formas: sem solventes ou com solventes. O resultado é uma resina concentrada em substâncias terapêuticas desejadas, responsáveis pelas ações medicinais no corpo humano.

Extração sem solvente:

A extração da Cannabis sem solvente é geralmente feita com a utilização de dióxido de carbono (CO2), substituindo o uso de solventes. Este método traz maiores padrões de qualidade ao produto e tem menor impacto ao meio ambiente. É utilizado um equipamento de extração supercrítica já existente no mercado industrial, configurando a pressão, temperatura e tempo adequados para se obter o melhor produto final. Existem outras maneiras menos comuns para se obter o extrato de Cannabis sem solvente, como métodos por ultrassom e micro-ondas.

Extração com solvente:

A extração da Cannabis com solvente pode ser feita com o auxílio de alguns tipos de solventes que geralmente possuem álcool em sua formulação. É considerado o método mais popular e simples de extração, mas para se obter um produto sem substâncias prejudiciais ao organismo é necessário atenção em todas as etapas do processo. Esse nada mais é do que misturar o solvente com as partes da planta por determinado período, seguido pela destilação, em que aquece-se a solução de modo a evaporar o solvente e então é feita a filtragem da resina a fim de obter o extrato.

Tipos de extratos de Cannabis

A partir da extração, é possível obter três tipos de óleos de Cannabis, os quais variam na sua composição: Full Spectrum, Broad Spectrum e Isolado.

Full Spectrum

Forma de extração que preserva todos os componentes presentes na planta. Inclui todos os fitocanabinoides, terpenos, flavonoides, vitaminas e minerais. Juntos, esses ativos atuam de modo sinérgico no chamado efeito entourage, potencializando os benefícios. Possui até 0,3% de THC, quantidade insuficiente para alterar a percepção, porém trazendo as propriedades terapêuticas deste fitocanabinoide.

Broad Spectrum

Extrato que passou por processos de destilação para retirar completamente o THC, mas mantendo os demais compostos. É indicado para pacientes que têm uma alta sensibilidade ao THC e que não respondem bem ao Full Spectrum.

Isolado

Produto resultante de um intenso processo de purificação, isolando fitocanabinoides específicos, em especial o CBD e o THC. Dessa forma, contém altas concentrações do ativo, entretanto, por não possuir outros canabinoides e terpenos, não é possível se beneficiar do efeito entourage.

Existem diversos estudos indicando que o uso de extratos isolados necessita de uma dose pelo menos 4 vezes maior para atingir os benefícios, quando comparados aos extratos Full Spectrum. É fácil entender o motivo: se cada ativo gera um efeito diferente no organismo, isolar os compostos reduz a gama de possíveis resultados terapêuticos.

Saiba como escolher um medicamento à base de Cannabis seguro e de qualidade no nosso artigo.

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